quarta-feira, 25 de maio de 2011

Representações sobre o conceito de meio ambiente

A semiótica significa o estudo dos signos e das ações dos signos. Os signos seriam “algo no lugar de algo”, ou seja, os signos podem ser qualquer coisa que facilitem e/ou permitam a compreensão ou conhecimento do objeto pelo sujeito. Assim os signos só existem, para levar o significado do objeto ao sujeito, num processo que se denomina semiose, ou seja, a ação do signo sobre o sujeito.

Tentei me aproximar do conceito de representação, utilizando algumas noções referentes ao conceito de representação social, principalmente as contidas em REIGOTA (1995), quando ele se apropriando das definições de MOSCOVICI, propõe as representações sociais como sendo um conjunto de princípios construídos na interação entre os grupos sociais.

O sentido de uma representação social, é que ela por sua natureza construída, dentro das relações sociais, portanto cultural, esta irá ser carregada de vários signos, pois, toda representação é um signo, e estes signos irão variar de acordo o grupo o qual estamos inseridos.

Quais serão os diferentes signos que participam da formação do conceito de meio ambiente? Talvez sejam muitos, mas com toda certeza as diferentes visões sobre o meio ambiente, se relacionam às imagens mentais de grupos de pessoas a respeito deste conceito. No entanto, nem todas os signos que tentam construir o significado do conceito de “meio ambiente” serão suficientes para o representar em sua totalidade, pois, conforme colocado pelo Barroco “o sentido principal de uma representação é sua incompletude ao tentar perseguir o objeto” [Lei na integra aqui].

O objeto (conceito) de meio ambiente é deverás polissêmico, e não consensual, carregado de um conjunto simbólico enorme, por exemplo, muitas pessoas relacionarem o conceito de “meio ambiente”, a ecossistemas naturais (sem a presença humana), e isto se relaciona diretamente ao “mito moderno da natureza intocada” de DIEGUES (2004). Essa representação comum de meio ambiente é ao mesmo tempo simbólica quando pensamos em meio ambiente como sendo ambientes florestados (florestas tropicais) e icônica, quando inevitavelmente nos remetemos a cor verde, no que se refere a cor das florestas (pelo menos aqui no Brasil não é pessoal?).

Podemos propor uma questão: Para você, quais signos participam da formação do conceito de "meio ambiente"? Com toda certeza não serão os mesmos para todos, mas certamente poderemos observar nas respostas algumas similaridades no que podemos denominar de núcleo compartilhado de significados. Mesmo que nos exercitemos nessa construção coletiva, a soma de todas as representações simbólicas não darão como resultado final o objeto “meio ambiente”, mas podemos ao menos tentar.

Referência:

DIEGUES, A. C. S. O Mito moderno da natureza intocada. São Paulo, Ed. Hucitec, 2004. 382 p.

REIGOTA, M. Meio ambiente e representação social. São Paulo: Cortez, 1995.

4 comentários:

  1. Semiótica: palavra de origem grega semeion= signo.

    É uma ciência pouco conhecida que tem alguns representantes como Sausurre (semiótica aplicada na lingüística), Peirce (semiótica aplicada na filosofia) e Umberto Eco (semiótica aplicada no cinema e literatura).
    A semiótica é uma ferramenta útil para analisarmos as relações existentes entre uma coisa e seu significado, facilitando a interpretação de mensagens e objetos pela nossa mente.
    A mente humana só tem acesso ao mundo e se relaciona através de representações. Criamos imagens mentalmente a partir de uma representação (exemplo: uma árvore: associamos o verde às folhas e o marrom aos galhos). O signo está presente em toda forma de representar o mundo.
    Peirce concebia a lógica dentro do campo do que ele chamava de teoria geral dos signos. A Semiótica Peirciana pode ser considerada uma Filosofia Científica da linguagem. A tríade semiótica de Peirce é composto pelo signo, o interpretante e objeto, é uma forma de estudo da linguagem.
    No mundo em que vivemos, com tantos atrativos em forma códigos, sinais, imagens e símbolos que circulam no meio de comunicação de massa por exemplo, especialmente na TV, a semiótica é fundamental para o processo de comunicação no qual o signo constrói uma representação do poder exercido pela mídia.

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  2. Bárbara, achei interessante suas observações e seu questionamento sobre seu objeto de estudo: meio ambiente. Acho que chegamos ao ponto central da semiótica, que seria a tentativa de representar "o mundo", ou seja, todas as coisas que existem, concretamente ou não,para melhor o entendermos. Para isso faz-se necessário um símbolo ou um ícone entre o objeto e nós. MAS... e aí partimos para um problema, será que esse mundo é visto da mesma maneira? Existem muitos símbolos ou ícones para um mesmo objeto e acredito que várias maneiras de se lidar com o mesmo. São muitos os fatores que nos permitem essa multiplicidade de olhares, entre os quais a Cultura a qual estamos inseridos, os esquemas mentais possíveis e aí a cognição e a disposição psicológica do indivíduo ficam fora de nosso alcance, as experiências que nos levam a diversas leituras de mundo.
    Ao tratar da questão meio ambiente, não poderia ser diferente, peça a seus alunos para desenharem ou escreverem uma palavra sobre o tema e terás diversos símbolos ou pouquíssimos, o que vai depender de todos os fatores mencionados acima para que as visões se modifiquem. Por experiência própria, certamente teremos o desenho de uma árvore, uma floresta, um campo verde com flores e animais e palavras como FLORESTA< ANIMAIS< AR< ÁGUA< etc. Símbolos que expressam conceitos ingênuos e superficiais. E, certamente essa construção de conceitos sofreram a influência da mídia, e a televisiva é a mais atuante e próxima de todos.O que nos faz compreender que a ideologia dominante monta seus símbolos, os divulgam e os fixam numa sociedade sibmissa, acrítica e "vazia" de conceitos e significados próprios.
    Rosane Tavares

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  3. Considerações sobre Desenvolvimento(?) Sustentável
    . Ao usar o termo desenvolvimento em “Desenvolvimento Sustentável”, de acordo com Bonfim (2010), está implícito a desigualdade social nos países periféricos e, portanto, nos países latino-americanos. No dizer de Layrargues (1997), “No atual estado de desenvolvimento tecnológico, (...), o padrão de consumo do Primeiro Mundo definitivamente é insustentável e não generalizável ao conjunto da humanidade.”
    . Deluiz e Novick (2009) apontam para uma sustentabilidade democrática que possibilite uma formação crítica e autônoma, uma mudança de paradigma, superando, entre outras, a desigualdade social e econômica. Lembram que “Desenvolvimento Sustentável” está concebido por diferentes teóricos.
    . Como primeira concepção de desenvolvimento sustentável, temos o Relatório Brundtland (1997), que garante a sustentabilidade sócio-ambiental, ratificada pela Agenda 21, sob a ótica do mercado, onde eficiência é a palavra-chave.
    REFERÊNCIAS
    BONFIM, A. M. do. O (Sub)desenvolvimento Insustentável: A Questão Ambiental nos Países Periféricos Latino-americanos. Trabalho Necessário. v. ano 8, p. 1-18, 2010.
    DELUIZ, N.; NOVICKI V. Trabalho, meio ambiente e desenvolvimento sustentável: implicações para uma proposta de formação crítica. Boletim Técnico do Senac, Rio de Janeiro, v. 30, n. 2, p. 19-29, maio/ago. 2009.
    LAYRARGUES, P. P. Do ecodesenvolvimento ao desenvolvimento sustentável: evolução de um conceito? In: Revista Proposta. Rio de Janeiro, v. 24, n. 71, p. 1-5, 1997.

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  4. NANOTECNOLOGIA E O ENFOQUE CTS

    A conceptualização CTS presta especial atenção a modos de articular ciência/tecnologia com a sociedade e com situações que permitam debates éticos e culturais.
    Em se tratando da importância advinda da nanotecnologia que está no desenvolvimento de novos métodos e técnicas, com aplicabilidade em diferentes procedimentos industriais - produção de alimentos, cosméticos, fármacos, tecidos, dentre outros, tem-se uma grande discussão sobre os prós e contras do uso dessa tecnologia, que pode ser explorada em atividades interdisciplinares de ensino de ciências, partindo-se de estratégias pedagógicas para trabalhar o tema em sala de aula, com enfoque nos aspectos ambientais, estimulando as conversações sobre conteúdos específicos das disciplinas de Biologia, Física, Química e Sociologia, dentre outras, provocando, no aluno, o interesse pela construção de conceitos, além de permitir uma contextualização sobre os conteúdos específicos aprendidos na escola.
    A nossa responsabilidade maior no ensinar Ciência é procurar que nossos alunos e alunas se transformem, com o ensino que fazemos, em homens e mulheres mais críticos. Sonhamos que, com nosso fazer Educação, os estudantes possam tornar-se agentes de transformação - para melhor - do mundo em que vivemos. (CHASSOT, 2006, p. 31)

    REFERÊNCIAS

    CHASSOT, A. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. 4. ed. Ijuí: Unijuí, 2006.
    SIQUEIRA-BATISTA, Rodrigo et al. Nanociência e nanotecnologia como temáticas para discussão de ciência, tecnologia, sociedade e ambiente. Ciênc. educ. (Bauru) [online]. 2010, vol.16, n.2, pp. 479-490.

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