quinta-feira, 23 de junho de 2011

Semiótica

Podemos dizer que semiótica, no seu sentido mais simples, nada mais é do que o estudo dos signos.

Em nossa linguagem não-verbal (aquela que não é falada, nem escrita) estão presentes muitos signos (símbolos). Nos comunicamos com eles, mostramos quem nós somos, em que acreditamos, que ideologia seguimos, sem precisar dizer uma única palavra. Os signos que nos cercam, falam por nós.

Através destes signos, destes sinais, destes elementos comunicacionais, das imagens, construímos leituras diversas: de seres, de ideologias e desta forma, passamos mensagens uns aos outros. Particularmente, eu vejo a semiótica como forma de passar mensagens através de imagens. No nosso dia a dia, muitas informações chegam até nós através de mensagens visuais.

Para Lúcia Santaella e Winfried Nöth em seu livro: Imagem- Cognição, semiótica e mídia:

“Hoje, na idade vídeo e infográfica, nossa vida cotidiana – desde a publicidade televisiva ao café da manhã até as últimas notícias no telejornal da meia-noite – está permeada de mensagens visuais, de uma maneira tal que tem levado aos apocalípticos da cultura ocidental a deplorar o declínio das mídias verbais.”


sábado, 18 de junho de 2011

Educação sim, utopia não!

Acredito que papel da educação ambiental é o de colaborar para compreensão do mundo e de suas freqüentes mudanças, colocando o homem não mais como centro, mas como parte que integra o universo. A finalidade educativa em utilizar várias tipologias de conteúdos delineia-se pela compreensão de que a aprendizagem se dá, ora pelo domínio de fatos, conceitos e princípios, ora pelo domínio ou construção de novos procedimentos e atitudes, em alguns casos, por todos simultaneamente. Como a função social que a sociedade atualmente atribui ao ensino é contribuir com a formação de um ser uno, o conteúdo ambiental deverá assumir o papel de formação global do educando, contemplando as várias dimensões necessárias para construção de várias capacidades da pessoa. A Escola deve valorizar as diferenças e investir na formação de pessoas autônomas, sujeitas do processo de construção do conhecimento e de transformação social. Educadores Ambientais, como bem menciona Sacristán (2000) precisam compreender o livre arbítrio que possuem no processo de decisão de conteúdos da educação e que os currículos são opção tomada por quem pode fazê-los dentro do que ele chama “equilíbrio de forças sociais”. Considerando que a Escola é um aparelho político que possui uma intencionalidade sobre: o que ensinar, e para que ensinar é preciso que defina com clareza qual o sentido do que é ensinado aos seus alunos. Qual o valor dos conteúdos da educação ambiental (assim definindo todo processo de formação das pessoas) que são trabalhados em instituições educativas? Em que medida que os alunos podem alterar suas relações consigo, com o outro e com o meio social?

Gadotti (2000) faz um significativo depoimento relativo aos conteúdos de Educação Ambiental, vivenciados em sua trajetória escolar e aos não vivenciados, que permite profunda reflexão sobre a prática educativa e sobre que questões a Educação Ambiental tem se ocupado.

“Na Escola, eu tinha visto a Terra tão diferente. Aprendemos que é um dos nove planetas que giram em torno do Sol [...], aprendemos que ela parece azul porque os oceanos, mares e lagos ocupam sete décimos de sua superfície e que está coberta de redemoinhos brancos que são nuvens e que podem formar os chamados furacões. O planeta normalmente parece manso. Em sua superfície existem lindas paisagens, umas regiões são mais quentes do que outras [...] A maioria das pessoas vive nas planícies, principalmente nas mais férteis. O homem transformou essa paisagem construindo enormes conglomerados de casas e edifícios - as cidades – e aprendeu a cultivar o solo e a construir estradas. Pelo que sabemos, é o único planeta em que existe vida. [...] Os homens e as mulheres que habitam esse planeta são um sucesso. Construíram máquinas de todos os tipos para terra, água e ar” (GADOTTI, 2000, p. 11).

Em seu depoimento, o mesmo autor continua afirmando:

“Pouco me falaram, de como a Terra foi dominada, submetida, escravizada, dividida em países com imensas e terríveis fronteiras. Não me falaram de um planeta despedaçado, mutilado e estéril pela lógica de um sistema de produção que não vê a natureza como parte de nós e que pouco se preocupa com sua destruição, cuidando apenas para que o paraíso daqueles que a comandam esteja garantido, como se, no limite, fosse possível “(GADOTTI, 2000, p.11)

“[...] Não me explicaram a relação entre as precárias condições de vida e a política econômica, industrial, ambiental: Isentaram-me de qualquer responsabilidade quanto ao esgoto a céu aberto, quanto ao lixo espalhado pelas ruas perto de casa e da escola, quanto às inúmeras transportadoras que foram se instalando no bairro onde eu vivia, com seus galpões enormes, construídos à custa de destruição de grandes áreas verdes etc. Nunca tive na escola a oportunidade de plantar uma árvore, de colher os legumes de uma horta, de chupar deliciosamente uma manga colhida do jardim da escola, de observar atentamente a beleza da joaninha. Ouvi, escrevi. Pouco senti. Vivenciei menos ainda”. (GADOTTI, 2000, p. 11).

Quando falamos em Educação, e no caso da Educação Ambiental, devemos refletir sobre o que se pretende trabalhar com o aluno, o modo que se deve abordar tal conteúdo e principalmente que significado esses conteúdos terão para o alunado. A educação deve ter sentido, ter aplicação nas vidas e, sobretudo, partir de vivências e não de utopias

A Terra é um Ser Vivo

José Lutzemberger (17/12/1926 -14/05/2002) foi um engenheiro agrônomo e um grande ecologista brasileiro que merece destaque por sua luta em defesa e preservação ambiental. A obra "Manifesto Ecológico" lançada por ele em 1970, já previa os problemas advindos do aquecimento global, também fez citação sobre a Amazônia não ser o pulmão da Terra e sim o ar condicionado do planeta. Foi um dos fundadores do movimento ambiental militante, a AGAPAN, Associação Gaúcha dentro do contexto de um desenvolvimento sustentável. José Lutzenberger propusera a utilização de energias limpas, renováveis dentro de uma ótica tecnológica e ecologicamente sustentável e socialmente desejável. A conscientização não antropocêntrica, segundo ele, concorreria para a proteção do meio ambiente. Segue abaixo parte de um texto adorável sobre a hipótese Gaia. Vale a pena conferir.
“Há pouco tempo Gaia se olhou no espelho pela primeira vez. Células de seu cérebro a fotografaram da Lua. Ela se achou magnífica, azul, verde, diáfana.” Gaia é um ser vivo, dizia ele. Os seres humanos são células, algumas cancerosas, de seu tecido. O planeta Terra é um ser vivo um com identidade própria, o único de sua espécie que conhecemos. Se outras "gaias" existem no Universo, nessa ou em outras galáxias, serão todas coerentes. “Um ser vivo tão destacado merece nome próprio”

Carta ao Chefe Seattle

Falar sobre as problemáticas ambientais é uma tarefa simples, temos como argüir de várias maneiras. Desde que o mundo é mundo e homem é bicho homem, observamos a covardia para com o meio ambiente. Cito aqui a carta escrita por um chefe indígena da América do Norte - o Chefe Seattle enviada a Franklin Pearce, presidente dos Estados Unidos da América em 1855, quando este propôs ao índio a compra de suas terras, dando-lhe em troca uma “reserva”. A carta do Chefe Seattle tem sido amplamente divulgada pela Organização das Nações Unidas como um dos mais belos exemplos de consciência ecológica. Tive o privilégio de conhecer sábias palavras que reproduz perfeitamente o que vemos diariamente nos meio de comunicação sobre os problemas ambientais e como o homem lida e sucateia as leis da natureza. Não creio que seja por falta de preparo do homem, mas sim de sua ganância. Como desvincular da tecnologia e de tudo que ela pode ofertar... Como diz o chefe indígena: “Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los?”

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Para todos?

Pensamento em Nanotecnologia

Há vários mitos acerca da tecnologia, inclusive que ela é neutra, sem interesses, apenas para o bem da humanidade. Todas as afirmativas são questionáveis. Para quem são neutras? Sem interesses? E para qual público?

A tecnologia e em especial, a nanotecnologia vem com esse aporte de salvaguardar a humanidade. Dela mesma. Impossível, mas com uma importância para dominar novos mercados, portanto, alfabetizar cientificamente as pessoas do que seja a tal da nanotecnologia, também é uma ferramenta de marketing, afinal, já encontramos a nanotecnologia em prateleiras e quem vai comprar um medicamento com um nome assustador desses? “Vou tomar componentes eletrônicos”, afinal, tem tecnologia.

Há interesses no mercado em expansão e exigente de componentes cada vez menores e melhores. Pensamos na “evolução” dos computadores até os dias de hoje. Não seria possível sem a nanotecnologia. E criamos uma nova dependência deles.

Já na indústria farmacêutica, há uma exigência em medicamentos cada vez mais específicos, como os que combatem aos cânceres, especificamente, possível através da nanotecnologia. O que é ótimo.

Mas, esses dois exemplos, são para todos? A dominação tecnológica acaba influenciando no preço no mercado. São mais caros, afinal, tem nanotecnologia, assim, não são para todos. Outro desafio é fazer com que o outro acredite, que o que está ingerindo (no caso de remédio), usando, tem nanotecnologia, é outro elemento complicador para os que não estão inseridos nas ciências, afinal, tem que ter fé para acreditar em algo que não se vê.

A modernidade trás benefícios. Particularmente, adoro o exemplo do antibiótico (em 1927, Fleming descobre a penicilina, iniciando a era dos anbitióticos), imagine a vida sem eles? Mas há implicações, como tudo. Atualmente vivemos um momento em que a venda do dito medicamento está sendo controlada e com a nanotecnologia, aconteceria o mesmo? Ih, acho que não, lembra? Criamos dependência.

Serei profeta: o futuro dirá, pois também há as implicações, quem garante, de fato a eficácia? Em componentes eletrônicos, não é tão ruim assim, só mais poluição com metais pesados (pensa os burocratas). E com a saúde? Cada um que pense.

Será a nanotecnologia mais uma ajuda para a humanidade ou mais uma dominação dos ricos sobre nós, meros consumidores? Confesso, estou pessimista. Há vantagens, obviamente que sim, mas, há dependências de uma tecnologia que não dominamos e que é cara. Realmente precisamos de tudo que nos empurram?

Estamos em Matrix?

Pensamento em sustentabilidade

A capa da Revista Época da semana passada (Edição: 681) foi: “Agora somos 7 bilhões. Nosso planeta aguenta?”, vem de forma emblemática em uma edição especial, a verde, discutir ou informar o que o homem tem feito ao planeta. Capcioso é sair uma reportagem dessa, quando se comemora o dia mundial do meio ambiente – 05 de junho. Será que é só nessa semana que devemos nos lembrar que a espécie humana, mais do que qualquer outra espécie causa danos e devemos, portanto nos conscientizar?

Considerando que nós, os Homo sapiens estamos aqui a, aproximadamente, 300 mil anos, é assustador a situação agonizante que causamos a Terra nos dois últimos séculos. Desde a primeira Revolução Industrial – estamos na terceira (informática) até os dias atuais, o estilo de vida de alguns, há de se considerar que não são os 7 bilhões que usufruem da modernidade, comodidade e até mesmo, do desperdício, tem causado sérios danos à nossa casa.

Virar eremita também não é a solução, mas um equilíbrio há de ser pensado e buscado, por todos, não estamos na tal da “aldeia global”? Ou é apenas clichê? Por que então, só os ricos usufruem, consomem e poluem, enquanto, aos pobres ficam as mazelas e com os lixos dos outros? No filme Matrix (1999), o Sr Smith diz ao personagem Neo que observa a humanidade a muito tempo e só encontrou uma espécie que vive como nós, os vírus, que destroem o seu ambiente até não restar nada. Estamos evoluindo, de fato, para tal situação?

Não há um planeta Pandora (citando outro filme - Avatar 2009/2010) para irmos (pretensão nossa achar que nos deixariam ir), portanto buscar a sustentabilidade em equilíbrio pode ser a saída para alimentarmos, vestirmos, darmos condições de vida digna a 7 bilhões. Como se o sistema e os que dominam, deixasse.

E no Brasil?

Citando um exemplo. Tem um grupo de pessoas na Região Norte, chamados povos da floresta, formados por seringueiros, castanheiros, ribeirinhos, indígenas, quilombolas, entre outros, assim intitulados por viverem sem os recursos da modernidade e retirarem tudo de que necessitam da natureza. Talvez alguém alternativo do Sul e Sudeste fale: essa gente é que sabe viver. Viver?! Será que foi dada a eles alguma alternativa? Ou, é o instinto de sobrevivência que os fazem agir assim?

A sustentabilidade é possível para os pobres e ricos? É possível para alguém? Francamente, não acho possível no atual quadro e sistema capitalista ao qual estamos tão misturados. Viramos uma quimera com ele, não somos capazes de nos desapegar de tal. Deveria terminar meu comentário com palavras de esperança, mas acredito estarmos como os vírus. E pensar que nos auto intitulamos sapiens que vem de sábio.

Referências:

Revista Época. Agora somos 7 bilhões. Nosso planeta aguenta? Edição 681. 6 de junho de 2011.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

O Saber Ambiental

Iniciarei o post, baseada nas ideias de ENRIQUE LEFF, autor do livro SABER AMBIENTAL, 6ª edição ed. vozes. Numa perspectiva história, LEFF pontua que a “crise ambiental” começa se evidenciar nos anos de 1960 do século XX, caracterizando-se por ser um reflexo da “irracionalidade ecológica dos padrões de produção e consumo, e marcando os limites do crescimento econômico” (p. 15).

Segundo o autor o conceito de desenvolvimento sustentável, que levaria teóricamente a uma sustentabilidade ambiental, nada mais é do que uma maneira de ecologizar a economia, na tentativa de eliminar a contradição entre o crescimento econômico e preservação da natureza. Essa resignificação da relação destrutiva do capitalismo, que se encontra em sua “fase ecológica”, com a natureza, através do discurso do desenvolvimento sustentável, faz-se necessária para que o crescimento não cesse.

Assim, o discurso da sustentabilidade apresenta-se num tom neoliberal ambiental, de maneira que “as políticas de desenvolvimento sustentável vão desativando, diluindo e deturpando o conceito de ambiente” (p.21) a fim de que o livre mercado se amplie assegurando o “perpetum mobile” do crescimento econômico. Além do crescimento econômico, o discurso do desenvolvimento sustentável, se apóia em outros dois pontos o equilíbrio ecológico e a igualdade social.

A tecnologia assume um papel importante na manutenção desta tríade: a tecnologia, cujo papel é o de reverter a degradação na produção, distribuição e consumo de mercadorias.

Encontramo-nos em tal situação, que o autor não reconhece apenas a “ambientalização do conhecimento”, realizada em geral nas “aulas de educação ambiental” como solução para dar um horizonte às discussões socioambientais. Segundo LEFF é necessário uma visão mais ampliada, o que ele propõe como o Saber Ambiental.

O Saber Ambiental desafia as ciências em suas bases mais sólidas, pois, uma vez que necessitam de uma analise interdisciplinar das relações natureza-sociedade, coloca as certezas dos paradigmas absolutos e imutáveis sob a incerteza de suas próprias certezas. Assim “o Saber Ambiental se produz numa relação entre a teoria e a práxis” (p. 235). A práxis segundo Paulo Freire é a teoria do fazer, ou seja, para alcançarmos o Saber Ambiental, devemos exercitar nossa práxis em torno de nosso próprio fazer pedagógico diário.

Referências:

LEFF, Enrique. Saber ambiental .6. ed. Petrópolis: Vozes, 2008. 494 p.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Interações Sociais em Sala de Aula


Na última aula de Debates Conceituais em Ensino de Química discutimos, entre outras coisas, se a consciência levava a ação. Com o desenrolar desta questão foi sugerido a pesquisa da relação entre fato e valor.
Encontrei o artigo “PAPEL E VALOR DAS INTERAÇÕES SOCIAIS EM SALA DE AULA” e resolvi compartilhar com vocês as conclusões sobre o mesmo.
O texto discute o conceito de interações sociais, mostrando seu papel e valor para a dinâmica da sala de aula.
O termo interação social está ligado à proposta de Vygotsky quando ele afirma que o homem é essencialmente social. Completa ainda, afirmando que a relação que estabelecemos com o próximo, numa atividade comum, por intermédio da linguagem, nos constitui e nos desenvolve enquanto sujeitos.
As interações sociais nem sempre, numa dada sociedade, terão valor formativo. Elas mantêm e recriam a todo instante a estrutura da sociedade. Podem ser fontes de informações verdadeiras ou preconceituosas, de independência ou de dominação, de alienação ou de tomada de consciência. Podem ser diretas ou indiretas, envolvendo interações com um ou mais parceiros, com a cultura, com a forma de concepções, idéias e crenças.
Na escola é necessário propiciar interações onde os alunos participem ativamente das atividades específicas para que possam compartilhar processos cognitivos realizados por vários sujeitos, assim ampliar a capacidade cognitiva individual a partir da realização em conjunto daquilo que não seria realizado sozinho.
As interações que contribuem para a construção do saber são as relacionadas a situações específicas como aquelas que exigem coordenação de conhecimentos, articulação de ação... podendo ocorrer na medida em que haja relação entre os conhecimentos a serem construídos e a realidade vivida pelo estudante. Elas podem ocorrer apenas entre professor/aluno (Ensino Tradicional) ou professor/aluno e aluno/aluno (Teorias Sócio-interacionistas).
A diversidade que caracteriza a diferença entre os indivíduos é fundamental para a própria interação social.
Segundo os autores a construção de conhecimentos se dá pela interação social. Deixando-nos um questionamento: a estrutura e o funcionamento da escola busca fazer com que o saber socialmente construído seja de fato distribuído socialmente?

Referências

DAVIS, C. ; SILVA, M. A. S. S. ; ESPÓSITO, Y. Papel e valor das interações socias em sala de aula. Cad. Pesq., São Paulo, p. 49-54, 1989.