segunda-feira, 13 de junho de 2011

Para todos?

Pensamento em Nanotecnologia

Há vários mitos acerca da tecnologia, inclusive que ela é neutra, sem interesses, apenas para o bem da humanidade. Todas as afirmativas são questionáveis. Para quem são neutras? Sem interesses? E para qual público?

A tecnologia e em especial, a nanotecnologia vem com esse aporte de salvaguardar a humanidade. Dela mesma. Impossível, mas com uma importância para dominar novos mercados, portanto, alfabetizar cientificamente as pessoas do que seja a tal da nanotecnologia, também é uma ferramenta de marketing, afinal, já encontramos a nanotecnologia em prateleiras e quem vai comprar um medicamento com um nome assustador desses? “Vou tomar componentes eletrônicos”, afinal, tem tecnologia.

Há interesses no mercado em expansão e exigente de componentes cada vez menores e melhores. Pensamos na “evolução” dos computadores até os dias de hoje. Não seria possível sem a nanotecnologia. E criamos uma nova dependência deles.

Já na indústria farmacêutica, há uma exigência em medicamentos cada vez mais específicos, como os que combatem aos cânceres, especificamente, possível através da nanotecnologia. O que é ótimo.

Mas, esses dois exemplos, são para todos? A dominação tecnológica acaba influenciando no preço no mercado. São mais caros, afinal, tem nanotecnologia, assim, não são para todos. Outro desafio é fazer com que o outro acredite, que o que está ingerindo (no caso de remédio), usando, tem nanotecnologia, é outro elemento complicador para os que não estão inseridos nas ciências, afinal, tem que ter fé para acreditar em algo que não se vê.

A modernidade trás benefícios. Particularmente, adoro o exemplo do antibiótico (em 1927, Fleming descobre a penicilina, iniciando a era dos anbitióticos), imagine a vida sem eles? Mas há implicações, como tudo. Atualmente vivemos um momento em que a venda do dito medicamento está sendo controlada e com a nanotecnologia, aconteceria o mesmo? Ih, acho que não, lembra? Criamos dependência.

Serei profeta: o futuro dirá, pois também há as implicações, quem garante, de fato a eficácia? Em componentes eletrônicos, não é tão ruim assim, só mais poluição com metais pesados (pensa os burocratas). E com a saúde? Cada um que pense.

Será a nanotecnologia mais uma ajuda para a humanidade ou mais uma dominação dos ricos sobre nós, meros consumidores? Confesso, estou pessimista. Há vantagens, obviamente que sim, mas, há dependências de uma tecnologia que não dominamos e que é cara. Realmente precisamos de tudo que nos empurram?

3 comentários:

  1. Esse discurso de que “a ciência pesquisa é para o bem da humanidade”, possui uma intencionalidade tremenda e diria que até mesmo uma crueldade. Pois, percebemos que essa humanidade que se beneficia com as descobertas cientificas e tecnológicas da ciência, não é composta por TODOS os seres humanos. Assim a humanidade que a ciência se refere, é aquela que possui poder de comprar suas tecnologias, ou no caso tem alguém que compra para ela (por exemplo, o Governo que compra e distribui remédios para as classes mais desfavorecidas). Serei pessimista como a Cristianni, pois a ciência nunca foi neutra, e por isso a humanidade que interessa a suas pesquisas é a Humanidade que pode dar um retorno e isso sabemos que não engloba todos os viventes da espécie Homo sapiens sapiens do nosso planeta.

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  2. De todo este discurso chama-me atenção o termo alfabetização científica. Por trás de toda modernidadade e suas tecnologias avançadíssimas, ainda presenciamos o termo alfabetização como algo normal e indispensável a todos.
    Imaginem: uma humanidade tão evoluída, pensando até em encontrar a cura do câncer e ainda falando em alfabetização, isso nos leva a crer que "há algo de muito errado no reino da Dinamarca" e em todo o mundo. Ao se tratar de um país como o nosso, o quadro é fatal: são milhares de analfabetos (os sem acesso à educação, os que nem sequer assinam seu próprio nome, enfim, os que não se reconhecem como cidadãos brasileiros).
    A nanotecnologia ainda está muito longe desta nossa sociedade, ou deveria estar enquanto aqui ainda existirem questões tão "jurássicas" como o é a alfabetização.

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  3. Rosane, sua colocação é perfeita, pois, há algo de muito errado, e continuará errado enquanto vivermos essa disparidade total de escolarização em nosso mundo. Um exemplo claro dessa disparidade é que, ainda carecemos de uma alfabetização cientifica, mas já se fala em nanotecnologia... O fato é que muitas pessoas que não sabem nem o que é ciência, e já conseguimos até imaginar a cura do câncer por nanorobos... A situação em nosso Brasil, é grave, estava lendo uma reportagem da Jornalista Lúcia Rodrigues, publicada na Edição Especial sobre EDUCAÇÃO da revista Caros Amigos http://t.co/SmChSdT que assusta: o analfabetismo atinge 14,1 milhões de brasileiros e ainda possuímos dentre os “alfabetizados” 70% de analfabetos funcionais, ou seja não conseguem tecer interpretação a cerca do que leem, efetuar operações matemáticas um pouco mais elaboradas e com toda certeza, na minha opinião na conseguem entender o papel da ciência no mundo.

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