terça-feira, 4 de junho de 2013

Semiótica e Educação

Visando contribuir com as nossas discussões para a próxima aula destaco este trecho do artigo: A perspectiva semiótica na Educação de Ana Cristina Teodoro da Silva. Quem tiver interesse em realizar a leitura do artigo na íntegra segue abaixo o link.

SEMIÓTICA E APRENDIZAGEM
 Por Ana Cristina Teodoro da Silva

Todo aprendizado ocorre por meio de signos. O processo comunicativo é fundamental à cognição.
Aprendemos comunicando, e comunicamos aprendendo. Mesmo sem querer, comunicamos (por
meio da linguagem corporal, por exemplo). Mesmo sem querer, aprendemos, todas as vezes que
participamos de uma cadeia sígnica. Estamos no mundo nos comunicando e
aprendendo. Os objetos à nossa volta e dentro de nós produzem diálogo constante, constante
processamento, constante produção de signos. Quando vamos ao cinema, aprendemos alguma
coisa em nossa leitura do filme. Se o conteúdo apreendido é eticamente interessante, é outra
questão. Se assistirmos um acidente, um fato trágico, ao conversarmos nos bar, na Igreja, no
olhar vitrines. Estamos sempre aprendendo. A diferença com o conhecimento proposto pela
instituição escola, ou pela universidade, é que a universidade procura conduzir o caminho de
aprendizado, com objetivos claramente pedagógicos. Ir ao cinema pode parecer mais agradável,
pois vamos quando queremos, o que é importantíssimo: o afeto inicia qualquer relação de
aprendizado – o que não me afeta, não atinge minha mente, não formará signo.
Ir à universidade pode parecer obrigação, mas ali o sujeito é exposto a conteúdos
de uma área que escolheu para estudar e para agir profissionalmente.
 É fundamental que haja algum afeto. Na escola, portanto, procura-se o conhecimento
sistemático, induzido. Aqui os objetos estão disponibilizados para quem puder e quiser entrar em
processo semiótico, cada um de acordo com suas possibilidades, de acordo com seus signos prévios.
Quanto mais exposição ao processo, quanto mais aumenta o capital de signos disponíveis, maior
possibilidade de aprofundamento em determinada área, maiores as possibilidades de estabelecer
relações entre os objetos. Entenda-se, contudo, que para a semiótica, onde
ocorrer comunicação há aprendizado. Há aprendizado onde houver ação do signo. Com esse
entendimento, podemos ampliar a noção de processo educativo, e talvez mudar alguns de nossos
parâmetros. Na sala de aula convencional, toda vez que ocorrer comunicação, ocorre aprendizado,
sempre de acordo com o capital disponível de cada um e também de acordo com o afeto dado e
recebido no processo. Com isso, nota-se que há tantos ritmos de aprendizado quantos forem os
posicionados como alunos – professor inclusive. Por que insistir na importância do afeto?
Porque o afeto conecta-se à primeiridade, categoria fundamental de todo processo semiótico.
Sem esse sentimento de algo que nos toca não se efetua o processo sígnico completo.
O que ocorre, se não nos afeta de alguma forma, não produzirá signos. “Toda
relação com afeto, criativa, constitui-se em troca interpessoal, mesmo que de mim com meus
pensamentos. Se estivermos dispostos, há muitos lugares para praticar o diálogo” (SILVEIRA, 2005).
O aprendizado, da perspectiva da semiótica, precisa de um objeto ou conteúdo, de uma mente
com seu capital de signos e produzirá um resultado. Não há garantias de onde chegaremos, apenas
garante-se que há um caminho. A ação do signo se desenvolve no tempo, onde
há tempo, há signo, o tempo – e a vida – desenvolvem-se por meio de signos. A semiose é
um fenômeno contínuo, trata-se de um “nome técnico para mente, pensamento ou inteligência.
Eles agem como o signo” (SANTAELLA, 1992, p.261).

http://www.dtp.uem.br/rtpe/volumes/v11n3/002_ana_cristina-259-267.pdf

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