Sustentabilidade (Sustentável + i + dade) ou Sustentabilidade
(Sustentável + Idade)?
Por Luciana Gomes
Pela norma culta a palavra sustentabilidade é assim formada: a palavra
“sustentável” mais a incidência da letra “i” e o sufixo “dade”. Este sufixo -dade
tem “como origem o sufixo latino -tati
e forma substantivos abstratos que designam qualidade, modo de ser, estado e propriedade”
(PEZATTI, 1990, p.156).
No dicionário encontra-se a definição de sustentabilidade como
“qualidade de sustentável”; sustentável por sua vez é “que se pode manter,
suportável” e “que não envolva riscos ambientais”.
Com devida liberdade linguística – pois a reflexão do pensamento é
libertária, não se prende a regras gramaticais – por que não pode ser Sustentável
adicionado da palavra Idade? Ao propor essas duas palavras unidas,
sustentabilidade é significada numa nova denotação: “aquilo que não envolve
riscos ambientais durante a vida do homem e dos animais”. Dentre as diversas
formas de interpretação desse pressuposto neologismo semântico (CABELLO, 1991,
p.31) caminham-se para um contraponto: será que a sociedade estabelecida realmente
se comporta de maneira a não envolver (ou desenvolver) os riscos ambientais na
vida de todos os organismos? Ou se comporta numa sociedade estabelecida que
deseja se manter, no intuito de preservar, não os seres vivos, mas o que está sócio-histórico-economicamente
instituído? Que tipo sustentabilidade existe e que tipo de sustentabilidade se
almeja?
Referências:
CABELLO. Processo de formação da gíria brasileira. Alfa, v.35, p.19-53, São Paulo, 1991.
PEZATTI, E. G. A gramática da derivação sufixal: os sufixos formadores
de substantivos abstratos. Alfa,
v.34, p.153-174, São Paulo, 1990.
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